Risco fiscal e segunda onda da pandemia impedem redução do desalinha-mento apesar de melhora dos fundamentos externos

- 1 April 2021

Trade topics: Brazil, Equilibrium Real Exchange Rate

O objetivo desta Nota é apresentar estimativas da taxa de câmbio real de equilíbrio para a economia brasileira frente a uma cesta de moedas. Para realizar esta tarefa, utilizamos variáveis sugeridas pela literatura econômica como sendo determinantes de longo prazo da taxa de câmbio. Através delas, montamos modelos econométricos que mapeiam as relações de longo prazo das variáveis.
 
As estimativas de desalinhamento cambial brasileiro foram atualizadas com os dados disponíveis até março de 2021, os quais são disponibilizados com defasagem de até dois meses pelas fontes primárias. A média dos modelos indica que a taxa real de câmbio efetiva fechou o primeiro trimestre de 2021 com desvalorização real efetiva média de cerca de aproximadamente 24% em relação aos seus fundamentos. Com isso, o desalinhamento médio, que havia diminuído consideravelmente no final de 2021 e início de 2021, volta a ficar acima dos 20% de desvalorização. Todos os modelos apontaram que o câmbio real efetivo está em terreno negativo desde fevereiro deste ano. As estimativas de fechamento do trimestre situam-se num intervalo que vai de um desalinhamento de cerca de -36,9% a -10,1%. Para maiores detalhes, ver tabela 1. Em termos de taxa de câmbio bilateral, o modelo sugere que equilíbrio da esteja abaixo da cotação de 5 reais por dólar
 
Como na última Nota CEMAP sobre o desalinhamento cambial , continuamos reiterando que o aumento do de-salinhamento frente a uma melhora dos fundamentos neste primeiro trimestre vem sendo ocasionada principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal.
 
Uma novidade positiva a ser ressaltada é o ganho expressivo de termos de troca observado pela economia brasileira. Isto já está se refletindo nos números da balança comercial desse ano e logo implicará numa melhora em conta corrente. A recuperação da economia mundial, puxadas pela China e Estados Unidos, parece estar aumentando a demanda pelos bens exportados pelo Brasil. Caso um resultado positivo expressivo na balança comercial se confirme, é possível que haja uma reversão, ainda que parcial, do desalinhamento cambial ao longo do ano. A apreciação nominal mais forte da moeda brasileira seria puxada pela maior oferta de divisas e seu impacto no fluxo cambial.